Fotografar Para Sempre

Blog de um sempre estudante de fotografia.

8.10.04

Férias até dia 20 de Outubro

Este blog vai de férias até ao próximo dia 20 de Outubro, até lá fica a sugestão de rever alguns dos fotógrafos propostos, em "arquivo" no blog.


O "Fotografar Para Sempre" está a precisar de ajuda, para apresentar frequentemente fotógrafos de interesse para outros fotógrafos. Se acha que pode ajudar a escrever no blog, ou a enviar sugestões de sites escreva para: fotografar arroba gmail ponto com.

Lomografia: vê, aponta e dispara - sem pensar

A lomografia é antes de mais um estilo de fotografia, a máquina utilizada nesta é por definição muito barata, e por tradição uma lomo. Caracteriza-se por uma falta total de preocupações técnicas com a fotografia. Normalmente a acção de fotografar é rápida, sem preocupações com focagem enquadramento, exposição ou quais quer outras. "Vê, aponta, dispara - sem pensar".


Lomo
significa " Leningradskoye Optiko Mechanichesckoye Obyedinenie" e foi uma empresa de óptica na União Soviética que iniciou a produção de máquinas para uso militar, e mais tarde civil. Só nos anos 80 foi iniciada a produção em massa das lomo, com o objectivo de propaganda do estilo de vida da união soviética.

O interessante das máquinas lomo é precisamente a sua imprecisão e falta de qualidade óptica, que foi transformado em potencial criativo. A imprevisibilidade duramente rejeitada por outras correntes fotográficas e pelos fotógrafos profissionais é aqui abençoada. Muitas das fotografias apresentam fortes aberrações cromáticas, sub ou sobre exposição, desfocagem etc...

Este estilo de fotografia deu origem a uma espécie de culto. Existem grupos de lomografia, exposições, intercâmbios, safaris fotográficos. Estima-se em 300.000 o número de pessoas associadas á "Lomographic Society". Esta organização é responsável pela distribuição das máquinas e pela organização das exposições. O famoso fotógrafo japonês Nobuyoshi Araki é um dos fotógrafos que aderiu á lomografia.

Tipicamente a lomografia aparece exposta em painéis com dezenas, e ás vezes centenas de imagens, raramente em imagens individuais. Se não existe cuidado a fotografar, existe muto cuidado a expor e na construção dos painéis, com um estudo cuidadoso na ordem e tamanho das fotografias.

Máquinas típicas da lomografia:

Lomo LC-A - A clássica, que deu origem ao fenómeno lomo.

Holga 120 SS - Máquina de médio formato

Máquinas tipo "Sampler" - São máquinas de plástico, que fazem 4 fotografias num segundo, sendo assim capazes de registar o movimento e apresentá-lo decomposto numa única fotografia.

Zenit - Máquinas 35mm, tipo reflex.

Seagull - Médio formato, tipo "Rolleyflex"


Links de lomografia:

- Lomographic Society International, responsável pelo fenómeno lomo.

- Embaixada lomográfica de Lisboa.

- Embaixada lomográfica do Porto.

- Embaixada lomográfica Espanhola.

- Fabricante das máquinas lomo.

- Galeria com típicas lomografias.

7.10.04

Lauren Greenfield, histórias da cultura ocidental feminina

Muitos de nós fotógrafos, que aspiramos a concretizar uma grande reportagem de fotojornalismo pensamos imediatamente em países longínquos, exóticos, em guerras pensamos no trabalho de Sebastião Salgado ou Steve McCurry.


Laureen Greenfield fotografa aquilo que está ao alcance de muitos de nós, a cultura ocidental feminina e algumas das suas contradições e particularidades. O que lhe interessa são as pequenas histórias, pois a nossa sociedade é também feita de pequenas histórias.

A condição feminina, a escola, a universidade e as diversas fases da adolescência são frequentemente objecto de trabalho para LG. As transformações do corpo a que as pessoas se submetem afim de realizarem melhorias na sua beleza pessoal é outro dos temas recorrentes no trabalho da fotógrafa.

Pela observação do seu trabalho, na minha opinião Greenfield tem uma postura altamente crítica aos assuntos que fotografa. Pessoalmente partilho de muitas das suas opiniões, e penso que ver o seu trabalho leva-nos a reflectir sobre a nossa cultura ocidentalizada.


Se pela observação do trabalho de Steve McCurry e Amy Vitale tomamos mais consciência dos problemas das sociedades do médio e extremo oriente, através do trabalho desta fotografa tomamos consciência de alguns dos nossos problemas.

Ver o trabalho de Laureen Greenfield

6.10.04

Steve McCurry, o fotojornalista

Hoje em dia, tal como muitos portugueses, se me pedirem para referir dois fotojornalistas actuais, um seria sem dúvida Steve McCurry.

O seu trabalho consiste nos ensaios que todos os fotojornalistas gostariam de fazer, nos livros que todos os aficionados á fotografia gostariam de ter, nas notícias que os cidadãos gostariam de contar.

Ao lado de Sebastião Salgado este é dos ensaístas fotográficos mais conhecidos no mundo, um mérito a meu ver merecido.

O trabalho apresentado no seu site, é totalmente a cores e totalmente dedicado á fotografia documental e retrato documental. Steve tem uma clara preferência pelo médio e extremo oriente e as suas imagens emanam uma espiritualidade forte ainda presente nestes países. O seu tema é o universal "a condição humana", mas as suas paisagens também são de uma beleza indescritível. Parece que respiram.

Depois de ver as fotografias de Steve McCurry também penso: "Tanto para ver e tão pouco tempo..."

5.10.04

Connie Imboden, nus a preto e branco

Suas imagens são apresentadas tal como são vistas através da câmara, elas não são alteradas em "câmara escura" ou pelo computador. Contudo para a maioria de nós fotógrafos seria muito difícil produzir imagens como as de Connie Imboden.

Seu trabalho é complexo e sofisticado, baseia-se essencialmente no corpo humano nu, quase sempre distorcido, alterado e reflectido pelo recurso a técnicas diferentes ou em interacção com objectos que o remodelam.

O objectivo do seu nu não é erótico pois o corpo é apenas objectual. Um objecto físico para interagir com a luz. Embora levado á condição de objecto, o corpo humano é insubstituível no seu trabalho.

Connie trabalha exclusivamente a preto e branco, talvez seja esta uma das razões porque as suas imagens são tão misteriosas: sem cor as imagens da pele aproximam-se ainda mais da abstracção, sem cor existe mais homogeneidade entre as fotografias de diferentes modelos.

Ver trabalho de Connie Imboden.

4.10.04

Inês d'Orey: ligações a um mundo para além deste

Inês d'Orey nasceu no Porto e estudou fotografia na prestigiada "London College of Printing" (em Londres). É uma fotógrafa de projectos, muito diferentes entre si, mas com uma ligação que chamaria de "subliminar" entre eles.

- "Camden Market" antes do acordar são momentos de um acordar que tende para um não acordar, que tende para a eternidade da noite. A fotógrafa foca-se em frases, em formas e em cores...
- "Mulheres Portuguesas em Londres" não é um trabalho de retrato convencional é mais um retrato das almas através das faces e dos objectos... No site explica como foi feito...
- "Gretchen" são fotografias de palco, onde a forma o momento, a cor e a luz se unem num todo harmonioso.
- "Corpos mortos" revela é a expressão da frieza de uma realidade que nos assusta porque sabemos que será um dia a nossa.
- "Pagãos, fadas e cristãos" encena os nossos sonhos, os nossos mitos...
- "My Suicides" encena várias mortes baseadas em narrativas.
- Em "Soundtrack", é a morte e a simbologia a esta associada que mereceram a atenção da fotógrafa.

Gosto das histórias sugeridas nas fotografias de Inês d'Orey. Acho-as histórias tristes e com um sentimento de suave dor... A par com a cor dos seus trabalhos, são a razão porque devemos conhecer o seu portfolio.

3.10.04

Anthony Suau, regresso ao fotojornalismo clássico

Beyond the Fall" é A reportagem sobre o renovar dos países da antiga União Soviética. Está dividida em 4 capítulos e envolve 12 países.

Esta reportagem é também a vivência do autor, suas impressões sobre os "dias quentes" que assolaram aqueles países, causando inúmeros mortos em conflitos políticos. Os pequenos textos que acompanham as fotografias dão-nos conta de uma realidade histórica por muitos de nós desconhecida: a de a queda de um império e das dificuldades dos povos daqueles países.

Suau, fotografa normalmente a preto e branco, a cor surge muito timidamente nalgumas imagens, é uma cor pouco saturada, triste como as suas imagens. O autor segue as pisadas dos fotojornalistas clássicos que acreditam que a cor é uma distracção no fotojornalismo, e eu compreendo porquê. O elemento "momento decisivo" está também presente em muitas das suas imagens...

A escolha que faz do que fotografa, explicada pela legenda de cada fotografia, é excelente. É impresionante como conseguiu fotografar ministros, bandidos, pensionistas, mafiosos, guerras e empresários ricos. Conseguiu contar a sua história!

Ver reportagem de Anthony Suau